Olá Psi. Como vai? Nesse texto, quero trazer pontos importantes de informações que devemos trazer para o nosso paciente diagnosticado com Transtorno Depressivo Maior(nome científico para a Depressão) e que são dúvidas frequentes que me deparo no meu consultório.
O esclarecimento de tais demandas a respeito do quadro é muito importante, uma vez que a psicoeducação no Transtorno Depressivo Maior é considerado um recurso valioso para a Terapia Cognitivo Comportamental na condução do tratamento psicoterapêutico.
Isso se deve porque, quanto mais clareza o paciente tiver a respeito dos sintomas, impactos e desafios que o Transtorno Depressivo Maior traz, mais nós, enquanto terapeutas poderemos auxiliá-lo a romper com a tendência de se culpar por como está se sentindo e se fundir com os sintomas depressivos.
Desse modo, aumentamos as chances dele se reconhecer fora do sintoma.
Isto é:
Que não é ele que está preguiçoso e não é capaz de realizar as coisas que se propõe, mas sim, que tais características na realidade fazem parte do conjunto de sintomas do Transtorno Depressivo Maior.
Sendo assim, falarei a respeito das 5 dúvidas mais frequentes que ouço dos pacientes quando vamos discutir sobre o diagnóstico de Transtorno Depressivo Maior.
1. O que é a Depressão ou Transtorno Depressivo Maior?
Até hoje nunca encontrei alguém que atendi com esse diagnóstico que já não houvesse ouvido falar sobre a depressão ou conhecesse/convivesse com alguém que já tivesse esse quadro de TDM.
Entretanto, nem sempre a pessoa realmente compreende o que é o Transtorno Depressivo Maior e não muito raro vem com a percepção de que a depressão é um sinal de fraqueza ou incompetência para lidar com as dificuldades da vida.
Portanto, a primeira informação relevante é orientá-lo quanto ao que realmente é a depressão – um transtorno do humor, ou seja, ela impacta diretamente o prazer e a energia para fazer as coisas, até mesmo as mais básicas.
Sendo assim, os sintomas serão:
- Apatia e falta de vontade em realizar as coisas, exigindo um esforço maior para isso;
- Mudanças no sono e no apetite, podendo ser pra mais ou pra menos;
- A irritabilidade é também muito frequente;
- Bem como o isolamento social – as pessoas depressivas geralmente costumam se trancar em seu quarto e evitar contato com a família e amigos.
Emocionalmente, a marca principal da depressão é a associação entre a tristeza e a culpa, porque seus pensamentos o levam para o sentido de fracasso, fazendo com que se concentre em escolhas que imagina terem sido erradas no passado.
Outra informação importante é que infelizmente o Transtorno Depressivo Maior está presente na vida de cerca de 300 milhões de pessoas pelo mundo – de todas as raças, crenças, ideologias e idades.
Dessa forma, podemos ver que não há um motivo único para ele se desenvolver e se instalar na vida de alguém.
É uma associação de vários fatores e em momento algum foi a escolha do paciente – isso é importante deixar claro para ele.
2. Como é o Tratamento? Vou Precisar Tomar Remédio?
Com certeza, outro ponto importante a ser discutido é sobre o tratamento.
Primeiramente, é importante esclarecer ao paciente que o tratamento é pensado de acordo com a gravidade do quadro:
Se for TDM leve, ou seja, a pessoa ainda se mantêm produtiva, mas isso a exige mais esforço, geralmente a psicoterapia em TCC é suficientemente eficaz.
Contudo, quando o quadro da depressão caminha para o moderado a grave, onde os impactos no funcionamento já causam prejuízos mais significativos, o melhor modelo é o de tratamento combinado, ou seja, TERAPIA + MEDICAÇÃO.
Entretanto, quando falamos em medicamento, boa parte apresentará uma resistência por conta de mitos que são difundidos socialmente a respeito dos remédios psiquiátricos:
“Isso é só pra quem é maluco e eu não sou!”
“Vou viciar e ficar dependente pro resto da vida.”
“Se eu tomar remédio as pessoas vão me julgar como louca.”
Entre outros…
Portanto, será essencial você saber sobre a função dos medicamentos, pois a psicoeducação em farmacoterapia é essencial também no manejo ao Transtorno Depressivo Maior dentro da Terapia Cognitivo Comportamental.
Sendo assim, pesquise a respeito dos principais remédios psiquiátricos utilizados como antidepressivos e sua ação.
Embora você não precise se tornar expert no assunto, você deve ter conhecimento suficiente para auxiliar seu paciente a compreender a importância do medicamento, o quanto ele é necessário.
Com certeza isso irá contribuir para sua adesão.
Ah! E uma coisa importante…
Além disso, tenha em mente que outros recursos podem ser utilizados a favor, como:
- Atividade física;
- Técnicas de meditação;
- Espiritualidade, etc…
Isto é, tudo que pode produzir bem estar e que esteja dentro do sistema de valores e crenças do seu paciente.
3. Depressão Tem Cura ou Eu Vou Viver o Resto da Minha Vida Assim?
Não usamos o termo “Cura” quando falamos de nenhum transtorno de ordem emocional.
Isso porque não tem um método para criarmos “anticorpos” que impeçam um novo quadro de se manifestar.
Então, utilizamos o termo “Remissão”, ou seja, quando os sintomas aos poucos perdem força, permitindo assim que o paciente retome seu funcionamento normal e muitas vezes até melhor.
Pois isto fará parte do tratamento descrito acima, não apenas eliminar o impacto dos sintomas, pois o nosso foco enquanto terapeutas é 100% de remissão, mas ainda ensinar o paciente a fechar as portas para novos episódios.
Para que seja possível isso, vamos utilizar as técnicas cognitivas e comportamentais mais coerentes para o caso e ainda ensiná-las ao paciente, para que ao final do tratamento ele se torne seu próprio terapeuta, cumprindo assim, o objetivo maior da Terapia Cognitivo Comportamental.
ENTÃO, TEM COMO SIM ELE VIVER UMA VIDA SEM A PRESENÇA DA DEPRESSÃO!
4. Como Falar com a Minha Família? Eles Vão Pensar Mal de Mim!
Não é raro o paciente ter medo do que a família irá pensar a seu respeito quando souberem de seu diagnóstico:
Muitos temem sofrer alguma crítica ou avaliação mais negativa, já outros se sentem culpados, pois isso pode gerar uma preocupação adicional às pessoas que eles amam.
Seja o que for, certamente será muito importante, trabalharmos junto com o paciente a construção dessa relação e o questionamento desses pensamentos.
Sendo assim, fará parte do trabalho do terapeuta lidando com um paciente com a depressão, engajar a família no processo de tratamento também.
Escrevi um texto a esse respeito, então dê um pulinho clicando aqui para saber como realizar essa aproximação, o passo a passo e do que falar com a família do paciente com Transtorno Depressivo Maior.
5. Como Fazer as Coisas se Não Tenho Vontade de Fazer Nada?
Boa parte do tratamento em Terapia Cognitivo Comportamental para quadros moderados a graves de Transtorno Depressivo Maior, se concentra na Ativação Comportamental.
A Ativação Comportamental é aumentar a adesão do paciente a realizar atividades que antes lhe geravam prazer ou que desejava realizar, mas até então nunca havia colocado em prática.
Esse movimento é importante, porque um dos primeiros comportamentos disfuncionais que a pessoa com o diagnóstico de Transtorno Depressivo Maior fará é a evitação:
Como ela está triste e sem energia, ela evita realizar praticamente todas as atividades, em especial aquelas que lhe geravam prazer.
O discurso mais comum é:
“Pra quê? Fazer isso não vai mudar em nada como me sinto!”
Mas é justamente o contrário:
Retomar atividades que antes eram prazerosas permitirá a ele voltar a sentir aos poucos, emoções mais funcionais.
Geralmente, eu pergunto ao paciente o seguinte:
“Se você não fizer isso (sair com os amigos, por exemplo), ficar em casa fará você se sentir como?” – e geralmente a resposta é que ficará no quarto trancada e se sentindo mal.
Sendo assim, podemos manejar alguns pontos e sacar uma ferramenta importante para trabalhar a motivação que é a Lista de Vantagens, a qual descrevo no meu texto:
➡️Desafios da Depressão #1: Como Motivar o Paciente
Além disso, também explico como uso esta ferramenta, a Lista de Vantagens, no vídeo abaixo:
🔽Como Motivar o Paciente em Terapia🔽
Além desse, você encontra muitos outros vídeos com conteúdos para alunos de Psicologia e psicólogos lá no canal.
Quero aproveitar e convidar você a se inscrever no meu canal do Youtube Papo de Consultório com Eliene Oliveira.
Portanto, leia ou assista para complementar o que estamos conversando aqui. 😉
Estude frequentemente a respeito do Transtorno Depressivo Maior (Depressão), dos recursos que pode ter a seu favor!
Por fim, sempre acolha as angústias e dificuldades do seu paciente e dedique-se da melhor forma possível.
Com certeza, fazer esses passos permitirá que você possa caminhar junto ao paciente para a mudança que ele deseja.
Então, te convido:
– Vá além e seja sua melhor versão enquanto terapeuta!
Um grande abraço e até o próximo texto!🤗
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