Olá Psi! Esse é o segundo de cinco textos que estou escrevendo para discutirmos a respeito dos 5 principais desafios que considero que nós, enquanto terapeutas, enfrentamos ao tratar um paciente deprimido.

No primeiro texto falamos a respeito de Como Motivar o Paciente Depressivo e trouxe ferramentas relevantes que podem te ajudar nesse sentido.

Já nesse texto, falaremos a respeito de outro desafio não menos importante:

Construir uma relação de apoio com a família do paciente deprimido.

Então, vamos lá!

Algumas Ideias Errôneas De Familiares De Pacientes Deprimidos

Bem… para além da experiência profissional que você possa ter, possivelmente já ouviu em seu cotidiano algumas pessoas expressarem ideias do senso comum do que é a depressão, como:

“Isso é coisa da cabeça da pessoa”;

“É falta do que fazer”;

“Isso é falta de fé”;

“Isso é porque foi mimada a vida toda e não sabe enfrentar os problemas”;

“É drama, age assim apenas para chamar a atenção”…

Desse modo, se formos considerar que isso não é raro de se ouvir, mesmo nos dias de hoje em que a depressão é tão difundida e infelizmente tão presente na vida das pessoas; isso significa que em algum momento nos depararemos com famílias ou pelo menos alguns membros delas que acreditam exatamente no que está descrito acima.

Com isso, não é raro dentro do consultório, pacientes deprimidos me relatarem que tem apoio de parte da família, enquanto a outra parte segue o senso comum, acreditando que depressão não existe ou minimizando seu potencial de impacto.

Sendo assim, será nosso papel enquanto terapeuta construirmos o engajamento da família no processo de apoio e suporte ao paciente em seu cotidiano.

Até mesmo porque, como a depressão é uma doença que impacta diversas áreas e funcionamentos importantes na vida do paciente, teremos que utilizar diversos recursos nesse confronto com ela.

Certamente, para além da terapia e farmacoterapia, a família é um elo muito importante.

Certamente, para além da terapia e farmacoterapia, a família é um elo muito importante no tratamento de um paciente deprimido.
Certamente, para além da terapia e farmacoterapia, a família é um elo muito importante no tratamento de um paciente deprimido.

Por isso, trazer essa aproximação será fundamental, pois o paciente poderá contar com um suporte para além do consultório.

Portanto, eu trago a família para um bate papo comigo.

E vou passar passo a passo de como realizo isso:

1. Abordando a Relação da Família com o Paciente Deprimido

Primeiramente, devemos compreender junto ao nosso paciente, como é a relação da família com ele e como que é o nível de entendimento quanto ao seu estado emocional.

Começar essa abordagem com essas duas perguntas:

“Como é a relação com sua família?”

“Como é a atitude deles frente ao seu quadro emocional?”

Com certeza, isso dará a abertura necessária pra você avaliar qual a melhor estratégia de aproximação com essa família.

Além disso, os pontos principais que deverá elencar com a família para auxiliar nesse suporte ao seu paciente.

2. Avaliando a Aproximação

Sem dúvidas, trazer a família pro suporte ao paciente deprimido, requer que ele faça parte ativa disso.

Sendo assim, não é prudente você querer convidar todo mundo da família para esse bate papo.

Desse modo, uma estratégia inicial que utilizo é perguntar ao paciente quem ele se sentiria confortável para vir ao consultório e ter esse momento de conversa comigo a respeito do que é a depressão e formas produtivas de ajudar.

Uma vez então respondido por ele quais são essas pessoas e com a autorização dele, eu entro em contato para agendar um encontro.

3. Fazendo Contato com a Família

Muitas vezes esse será o seu primeiro contato com a família, nesse caso, eu costumo enviar uma mensagem e me apresentar.

Por exemplo:

“Olá! Me chamo Eliene Oliveira e sou a psicóloga que está acompanhando seu filho. Na nossa última sessão, conversamos a respeito da importância de ter a família envolvida no processo de melhoria dele e gostaria de verificar a possibilidade de um encontro no meu consultório para conversarmos a respeito do quadro emocional que ele se encontra, tirar dúvidas que talvez você tenha a respeito e também trazer alguma informações que poderão ajudar no cotidiano com ele”.

A partir daí combinamos o encontro.

Entretanto, não necessariamente precisa ser apenas com 1 familiar.

Pode ser um encontro coletivo de acordo com a quantidade de pessoas que seu paciente mencionar que gostaria que estivessem nessa conversa.

4. O Encontro

Geralmente eu reservo 1 a 2 horas para esse 1º encontro, dependendo do numero de pessoas que forem comparecer e sigo os seguintes passos:

  • Apresentação pessoal e objetivos:

“Olá! Prazer em conhece-los pessoalmente, eu sou Eliene Oliveira, a psicóloga que está acompanhando o ‘João’.

Agradeço muito a presença de vocês!

A ideia é que hoje conversemos um pouco a respeito do que está acontecendo com ele, tirar suas dúvidas e formarmos uma parceria para dar o suporte que ele tanto necessita nesse momento.

Então fiquem a vontade para trazer o que gostariam de saber sobre o quadro em si e também falar de suas dificuldades.

Nada do que discutirmos aqui hoje será trazido para o ‘João’, do mesmo modo que não trarei pontos específicos do que ele me diz em consultório por conta do sigilo ético que tenho com todos vocês, ok?”

  • Sondagem inicial:

“Gostaria de saber de vocês o que sabem sobre o diagnóstico do ‘João’ e o que entendem a respeito da depressão?

  • Psicoeducação na depressão:

“Bom, agradeço muito o que cada um trouxe e vou falar um pouco mais a respeito da depressão

Nesse caso, estendo a explicação para a quantidade de pessoas impactadas no mundo (300 milhões), sintomas e dificuldades principais, etc.

  • Resposta a dúvidas e orientação de comportamentos mais funcionais:

“Ficou alguma dúvida a respeito do que é a depressão e por que o ‘João’ tem tido algumas mudanças no comportamento dele com vocês?”

Após as respostas, oriento alguns comportamentos para as dificuldades principais que me trouxeram durante a conversa, tais como:

  • o que falar;
  • o que não falar;
  • como agir;
  • como não agir;
  • medicamentos;
  • agressividade;
  • dentre outras.
O Engajamento Da Família É Parte Importante No Tratamento De Um Paciente Deprimido

5. Mantendo o Contato

Após finalizar os passos anteriores, agradeço o encontro e me deixo a disposição para esclarecer quaisquer outras dúvidas, bem como a orientação que podem entrar em contato também se perceberem algum comportamento de alarme.

Como, por exemplo: sumir por muitas horas, se cortar, recusar a conversar e assim por diante…

Vale ressaltar que esse encontro eu realizo sem a presença do paciente, a fim de dar liberdade para se expressarem sem reservas.

Além disso, alinho isso tudo com o paciente:

Desde o momento que estou levantando com ele quem gostaria que estivesse comigo, reforçando que nada do que ele diz em terapia será revelado.

Uma vez que temos uma relação de ética e sigilo das informações.

O que caberá a mim enquanto terapeuta é ouvir a família, orientar e pensar junto a ela possibilidades de suporte que sejam importantes para esse momento em que eles estão com um ente querido deprimido.

Claro que pode ser que tenhamos que agendar outros encontros com a família e que não necessariamente de imediato, todos se engajarão da maneira esperada.

Contudo, já é o passo inicial para essa construção.

Ter uma família psicoeducada na depressão e emitindo comportamentos funcionais para apoio ao paciente deprimido é um dos recursos mais valiosos que podemos ter!

Pois além de ter uma questão afetiva importante do paciente deprimido com seus entes queridos, boa parte do seu tempo e de suas experiências são vividas com eles.

Portanto, se for necessário, não hesite em marcar um novo encontro com a família desse paciente deprimido, ok?

Pacientes Com Relação Conflituosa Com Seus Familiares ou Sem Suporte Algum, O Que Fazer?

Quanto aos pacientes que possuem uma relação conflituosa com sua família ou mesmo aqueles que não possuem nenhum laço familiar, a possibilidade será avaliar se existe uma ou algumas pessoas com as quais ele se vincula e que poderiam auxiliar nesse sentido, como um amigo, namorado, etc.

E para aqueles que não possuem suporte algum, isso não impossibilita o processo de remissão da depressão, mas se tornará um desafio adicional.

Logo, parte do foco do seu tratamento será auxiliar o paciente deprimido na criação de laços sociais, por ser um fator importante para a vida de modo geral.

Sendo assim, cada atendimento e cada paciente apresentará seus pontos produtivos e seus desafios.

Contudo, para todos, o nosso foco deve ser o mesmo:

Contribuir para que tenham uma vida mais plena, produtiva e feliz.

Portanto, pense em estratégias que sejam úteis para cada um deles.

Espero de coração que este texto tenha contribuído com seu aprendizado e gostaria de saber nos comentários se ficou alguma dúvida ou se você tem alguma dica adicional nesse sentido. 😊

Não deixe de comentar!

Dessa forma, podemos criar esse diálogo com dicas adicionais aqui nos comentários, tá bom?

Um grande abraço e até o próximo texto!😉

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