Olá Psi! No texto de hoje irei falar sobre o sentimento de desamparo ocasionado pela depressão e como lidar com isso.
A depressão é um transtorno que tem a capacidade de alterar muitos aspectos da vida da pessoa, em especial o emocional.
Com certeza, as emoções mais comuns e que geralmente andam de mãos dadas é a tristeza e a culpa.
A tristeza geralmente vem por memórias de fracassos e uma avaliação negativa do momento atual em que pode estar havendo perdas e enfrentamentos difíceis.
Já a culpa surge por conta dos pensamentos de que “deveria ter feito diferente” e ainda de que está sendo o responsável por causar preocupação à família.
Entretanto, a medida que o tempo avança, essas emoções vão se fortalecendo e imprimem uma pressão sobre o ânimo, comportamento e sentimentos.
O Desamparo Na Depressão
Isso tudo somado a uma dificuldade das pessoas em volta que, na tentativa de ajudar ou por não compreenderem o que a depressão realmente significa, dizem frases como:
“Isso é coisa da sua cabeça”
“Você tem uma vida tão boa, não deveria estar assim”
ou
“Você tem que ter força de vontade”…
Com isso, uma nova emoção vai surgindo que é o DESAMPARO.
Isto é, uma sensação de que ninguém no mundo compreende o que se está passando e que tudo que as pessoas fazem, incluindo ela mesma é julgar o que sente.
Contudo, esse sentido de desamparo é um reflexo da evolução das emoções que já são características do quadro depressivo e de alguns eventos que podem reforçar essa sensação.
Sendo assim, é muito importante enquanto terapeutas auxiliarmos os nossos pacientes a terem atitudes que não fomentem esse estado.
O que nesse caso inclui agir de modo oposto ao que a depressão pede para fazer: se isolar, não confiar nas pessoas, ficar presa em lembranças de fracasso, ver as coisas de modo negativo e acreditar que está só e que não tem valor.
Portanto, é muito… muito importante ensinar estratégias para minimizar essa sensação de desamparo.
Como Minimizar O Desamparo Gerado Pela Depressão
Manter O Contato Social
O isolamento é uma das primeiras atitudes que a pessoa com depressão realiza.
Isso porque é o caminho natural que fazemos quando estamos tristes, independente se estamos num quadro depressivo ou não, mas na depressão isso se intensifica muito.
Portanto, o foco será incentivar o paciente a se manter perto de pelo menos aquelas pessoas que o compreendem e com as quais já tem uma relação mais produtiva.
Pode ser um familiar, amigo, namorado, namorada… qualquer pessoa com a qual ele se sinta acolhido.
Não Confiar Nas Pessoas
Algumas pessoas são naturalmente mais reservadas em compartilhar suas experiências com os outros e realmente nem todo mundo é compreensível e confiável.
Portanto a relação terapêutica pautada no acolhimento, escuta, empatia e laços de confiança são fundamentais.
Além disso, buscar no cotidiano do paciente pessoas com as quais ele possa também construir essa relação é um elemento importante para que o suporte que ele tem no consultório se estenda pro seu cotidiano.
Ficar Preso(a) Nas Lembranças De Fracasso
Dentro da Terapia Cognitivo Comportamental, chamamos de Ruminação essa tendência de ficar preso as lembranças negativas do passado.
Toda vez que a pessoa ativa uma memória negativa, suas emoções acompanham esse conteúdo.
Claro que a qualquer momento, mesmo não estando depressivos, podemos lembrar de coisas marcantes e que foram tristes ou difíceis de enfrentar.
No entanto, dentro da depressão é difícil fugir desses pensamentos e eles vão ganhando força cada vez mais.
Nesse caso um bom exercício é fazer a Parada de Pensamento.
O Que É Parada De Pensamento?
É parar essa sequência por meio do desvio da atenção – nesse caso é literalmente ensinar o paciente a procurar alguma outra coisa para se concentrar ou pensar.
A Parada de Pensamento pode ser feito num exercício simples, como observar algum objeto e começar a descrevê-lo em detalhes.
Exemplo: olhar para um quadro na parede – comece notando o tamanho, cores, formato da moldura, os detalhes, imagine como ele foi produzido e como foi o processo até ele chegar a você e estar pendurado naquela parede.
Fazer isso permitirá desconectar por algum tempo das emoções mais esmagadoras.
Embora, não resolva o estado depressivo, esse recurso permite um alívio necessário de como o paciente vem se sentindo.
Ver As Coisas De Modo Negativo
Como já vimos, a negatividade é a característica central da depressão – memórias, experiências atuais e emoções serão marcadas por esse viés.
Assim sendo, é extremamente importante auxiliar o paciente a perceber as suas experiências numa perspectiva mais funcional, ensinando caminhos para que isso se torne possível como: resgatar memórias de conquistas e ainda fazer um contraponto de elementos que mostrem também um lado menos sombrio.
Não é caminhar para o pensamento positivo, mas auxiliar o paciente a enxergar o que vivencia de modo mais amplo.
Ou seja, ver os dois lados da moeda, por assim dizer.
Acreditar Que Está Só E Não Tem Valor
Todas as pessoas tem a sua medida de valor, mesmo que não seja na dimensão de suas expectativas.
Entretanto, uma das marcas da depressão é justamente fazer a pessoa acreditar que ao invés de ser amado ela tenha se tornado um fardo para a família por ser um foco de preocupação para eles.
O interessante é que quando perguntamos ao paciente:
“Se fosse alguém que você ama vivendo o que você está vivendo, você a veria como um estorvo?”
“O que faria diante disso?”
“A ajudaria por obrigação ou por prazer porque ama?”
Geralmente a resposta é que cuidariam e apoiariam por amor e que não seriam um fardo, mas sim alguém que está necessitando de cuidado e suporte nesse momento.
E isso pode ajudar a flexibilizar mais essa forma de se enxergar e contribuir para que o paciente se sinta mais aberto a ser acolhido e amparado pela família e amigos.
Dessa forma, ajudará a diminuir essa sensação marcante de desamparo.
Pois então, um bom exercício é trabalhar com o paciente, para que este aprenda a ser gentil consigo mesmo. a se permitir o cuidado e não ser tão duro e punitivo com a pessoa que deveria ser a primeira em importância em sua vida: ELE MESMO!
Essas Práticas Ajudarão E Muito A Diminuir A Sensação De Desamparo
Portanto, busque colocar em prática essas ações junto ao seu paciente e mantenha uma busca contínua por recursos que podem agregar valor na vida deles e contribuir para o enfraquecimento e remissão do quadro depressivo.
E você? Tem adotado essas medidas para auxiliar no tratamento dos seus pacientes com depressão?
Me conte nos comentários sobre como você tem feito no consultório acerca do assunto. Certamente vai ser um prazer bater esse papo com você. 🙂
Além disso, nesse outro texto eu falo sobre como o modelo cognitivo da depressão na Terapia Cognitivo Comportamental pode te auxiliar na Psicoterapia.
Vale muito a pena conferir.
No mais, desejo muito sucesso em seus atendimentos e até o próximo texto!
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