Olá, Psi! No texto de hoje, quero conversar a respeito de algo que vivenciei no início dos meus atendimentos clínicos com a depressão e que nos relatos dos terapeutas que supervisiono clinicamente, não é raro de ouvir: a automotivação!
Mas não a motivação do paciente e, sim, a nossa motivação enquanto terapeutas.
Bom, este é o último texto da série Os 5 Desafios da Depressão.
Eu escrevi esses artigos com a proposta de batermos um papo a respeito dos enfrentamentos que temos enquanto terapeutas que atuam no tratamento de pessoas com o quadro depressivo.
Caso você ainda não tenha lido os textos anteriores, recomendo fortemente que você leia, pois tem muita coisa interessante.
Nos 4 textos anteriores, trouxe os desafios da prática clínica diretamente voltada para a atuação no tratamento em si:
- Como Motivar o Paciente Depressivo;
- Formas de Engajar a Família Dele;
- Como Auxiliá-lo a Lidar com os Estressores Ambientais;
- O Que Fazer Diante da Labilidade Emocional Que é Comum Acontecer Durante o Processo Psicoterapêutico da Depressão;
Bom, então vamos agora falar sobre a Automotivação do Terapeuta.
Relembrando Meu Início Na Clínica
Recordo-me que nos meus primeiros atendimentos trabalhando com a depressão, eu me questionava muito a respeito da minha capacidade profissional.
Uma vez que meus pacientes, não raras vezes, apresentavam oscilações em seu quadro e tinham dificuldades em colocar em prática as tarefas de casa/plano de ação entre as sessões.
Já havia lido o livro de Terapia Cognitiva:
Teoria e prática da Judith Beck e vários outros que tratavam sobre a Terapia Cognitivo Comportamental e a depressão, o que certamente havia me dado uma boa base teórica.
Além disso, fiz um atendimento clínico do quadro na clínica escola durante a faculdade e que culminou no meu Trabalho de Conclusão de Curso.
Sendo assim, quando fui para a clínica pós-formada, tinha uma prática prévia nesse sentido.
Entretanto, uma coisa que nenhum livro me contou e que não foi tão evidente durante meu atendimento na faculdade, foram os pontos que citei acima:
- Labilidade de humor;
- Dificuldade em cumprir as tarefas propostas para a mudança cognitivo comportamental necessária;
- A expectativa de conseguir ajudar meu paciente o mais rápido possível;
- A dificuldade em seguir com o roteiro de atendimento exatamente igual ao dos livros;
- As comorbidades e complexidades do caso, etc.
Mil questionamentos! E quem nunca né?!
Então sentia minha motivação muitas vezes sofrer alguns impactos, para cuidar desse tipo de demanda.
Além disso, confesso ainda que em alguns momentos, questionei se eu realmente deveria atender a esse tipo de demanda.
Contudo, ao invés de jogar a toalha, eu comecei a investigar os aspectos objetivos e cognitivos envolvidos na situação.
Dessa forma, busquei as evidências necessárias e analisei o problema de fora, como a Terapia Cognitivo Comportamental preconiza.
A Terapia Cognitivo Comportamental Me Guiou Nas Análises De Problemas e a Mudar Meus Pensamentos Automáticos Pessoais, Contribuindo Para Manutenção Da Minha Automotivação
Nessa análise do problema, comecei a avaliar objetivamente os aspectos que eram diferentes do caso que eu havia atendido na faculdade e me deparei com comorbidades graves e com a cronicidade do quadro que eram totalmente diferentes.
Além disso, observei também o que poderia estar por trás da dificuldade do paciente em realizar as atividades propostas, e ainda, as inconstâncias do quadro e percebi que tudo isso fazia parte dos processos cognitivos e do próprio sintoma da depressão.
Busquei se havia algo na relação terapêutica que pudesse estar causando algum tipo de impacto negativo na velocidade dos resultados e o que concluí?
Cada caso é um caso!
E há situações e desafios que são pertinentes a se trabalhar com um quadro depressivo.
Então, ao invés de continuar um questionamento pessoal a respeito da minha capacidade, já que a análise feita mostrou outra hipótese – ser o próprio transtorno agindo – pus em prática a resolução de problemas!
Dessa forma, passei a estudar mais a respeito da depressão, conversar com outros colegas e buscar informações com profissionais mais experientes.
E esse mergulho me ajudou a manter minha automotivação e além disso, a lidar com meus próprios pensamentos automáticos que antes eram:
“Como é difícil trabalhar com depressão!”
“Parece que estamos andando em círculos.”
“De novo! Quando acho que agora vai, a coisa volta pra trás”.
Eles foram substituídos por pensamentos bem mais coerentes e funcionais:
“Trabalhar com depressão é um ato de amor!”
“Mesmo que o resultado demore mais por conta da complexidade, vale a pena continuar caminhando junto ao paciente.”
“Essa oscilação faz parte do processo, mas sei que: como os outros pacientes melhoraram, isso é totalmente possível.”
A Busca Pela Automotivação Me Fez Amar Trabalhar Com Essa Demanda De Depressão !
Confesso que após um tempo trabalhando os meus próprios pensamentos automáticos e focando na capacitação, meu amor por trabalhar com esse tipo de demanda foi ganhando corpo.
Desde então, se tornou uma verdadeira paixão trabalhar com pacientes em quadro depressivo.
Ao perseverar junto a eles em cada desafio que enfrentam;
Lidando com meu próprio processo de automotivação;
E certamente me permitir manter focada no que realmente importa:
Auxiliar pra que tenham uma vida mais plena e funcional – quando o resultado chega, não tem preço!
Ouvir como essa parceria entre nós foi um divisor de águas, que a vida voltou a fazer sentido e que os sonhos que antes não existiam passaram a se tornar realidade;
Ao se deparar com o testemunho:
“Estou comemorando mais um ano de vida, graças ao que você fez por mim!”
Tenham certeza – não há alegria maior que essa!
Vale cada livro lido, cada planejamento realizado, cada mensagem respondida, cada ferramenta utilizada, cada palavra ouvida e acolhida.
Isso sim, vale a minha MOTIVAÇÃO!
Então, se você enquanto terapeuta, se depara com tais questionamentos e se vê desmotivado diante dos desafios clínicos, siga esses três passos:
- PRIMEIRAMENTE ANALISE A SITUAÇÃO OBJETIVAMENTE;
- CONCENTRE-SE NA SOLUÇÃO DO PROBLEMA;
- ALÉM DISSO, TRABALHE SEUS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS!
Contudo, se ao final, você perceber que esse tipo de demanda relacionada a depressão não lhe apraz, sem problema algum…
Veja alguma outra demanda que você se sinta mais conectado, por exemplo:
- Atendimento a Crianças;
- Treinamento e Desenvolvimento;
- Treino Para Pais;
- Terapia de Casal;
- Sexologia;
- Orientação Profissional;
- Violência de Gênero…
Enfim… há um universo diante de você!
Sua Conexão Com Determinada Demanda Te Proporcionará Uma Automotivação Mais Forte
Portanto, quanto mais sentido uma demanda fizer, mais isso contribuirá para uma automotivação profissional saudável.
Por fim, não importa a demanda ou demandas que atuará na clínica, para cada uma delas, dedique-se, analise, questione e se foque em solução.
Por favor, comente aqui abaixo se por acaso você tem ou teve esse problema de automotivação nos atendimentos de algum tipo de demanda. Vamos bater esse papo!
No mais, desejo muito sucesso pra você em seus atendimentos.
Além disso, caso ainda não tenha lido os outros textos da série, deixo novamente os links abaixo para você:
- Como Motivar o Paciente Depressivo;
- Formas de Engajar a Família Dele;
- Como Auxiliá-lo a Lidar com os Estressores Ambientais;
- O Que Fazer Diante da Labilidade Emocional Que é Comum Acontecer Durante o Processo Psicoterapêutico da Depressão;
Grande abraço e até o próximo texto. 🤗
EBOOK GRATUITO PARA PSICÓLOGAS(OS): COMO LIDAR COM A DEPRESSÃO DE MANEIRA SIMPLES NA TCC!
Aprofunde Seu Conhecimento Sobre Depressão Na Perspectiva Da TCC!
0 Comentários