Olá Psi! Esse é o primeiro de cinco textos, onde trarei os desafios clínicos mais comuns no consultório, que enfrentamos enquanto terapeutas, quando trabalhamos com pessoas com o quadro depressivo.
A ideia não é esgotar o tema, mas trazer o que da minha prática clínica identifico como questões principais a esse respeito e as estratégias que podemos adotar diante de cada desafio apresentado.
Assim sendo, nesse texto vamos conversar a respeito do que nós enquanto terapeutas podemos utilizar de recursos para aumentar a motivação dos nossos pacientes que se encontram num quadro depressivo.
Para tal finalidade, o primeiro ponto é:
Compreendermos que a depressão é um adoecimento do humor, ou seja, uma alteração negativa do estado de ânimo e energia física e emocional que a pessoa tem.
Desse modo, a dificuldade de agir que o paciente depressivo apresenta diante das adversidades do cotidiano e até mesmo das atividades mais simples que ele costumava fazer, faz parte do quadro de sintomas que o estado depressivo traz.
Portanto, considero o primeiro de todos os desafios conseguir motivar o paciente frente as dificuldades e a perspectiva negativa que ele tem sobre si e o seu futuro.
Para isso eu adoto inicialmente 2 estratégias fundamentais:
- A motivação para a ação
- e a adequação da tarefa a energia que ele possui.
Paciente Depressivo:
2 Estratégias Fundamentais Para O Tratamento
1. Motivação Para a Ação
Bem…quando falamos a respeito de motivação, a questão essencial é sabermos que, sem dúvidas, nos motivamos por INTERESSE.
Isso mesmo…nosso cérebro é interesseiro rs…
Embora, não necessariamente em um sentido negativo que essa conotação traz, mas também no sentido produtivo:
Nos concentramos naquilo que de certo modo pode nos gerar algum tipo de benefício:
Seja para estudar, praticar esportes, evitar uma situação ruim e assim por diante…
Dessa forma, para aumentarmos a motivação dos nossos pacientes depressivos é fundamental mostrarmos para eles os ganhos que terão ao fazer uma determinada atividade.
Por exemplo:
Você estabelece com ele que será importante manter os laços sociais, pelo menos com as pessoas mais próximas.
Portanto, esse então se torna o objetivo!
A partir disso, vocês criam juntos uma LISTA DE VANTAGENS que ele obterá ao realizar essa aproximação.
Usando A Ferramenta ‘Lista De Vantagens’
Para utilizar a ferramenta lista de vantagens para o tratamento de paciente com quadro depressivo você destacará apenas as vantagens, ok?
Usando mesmo na primeira pessoa para fixar bem na mente do paciente depressivo.
As vantagens podem ser objetivas:
- Ter alguém para conversar;
- Não ficar tanto tempo dentro do quarto;
- Manter por perto pessoas importantes pra mim…
Bem como vantagens subjetivas:
- Me sentir bem por ter alguém por perto;
- Sentir-me acolhido e compreendido;
- Ter a sensação de que eu não estou sozinho no mundo e etc.
Trabalhe com a maior quantidade de vantagens possíveis.
Além disso, as vezes será necessário nesse momento inicial, você também sugerir alguns pontos, perguntando se para o paciente isso seria uma vantagem, por exemplo:
“Você manter esses contatos com as pessoas mais próximas pode te auxiliar também a ter momentos mais agradáveis no seu dia a dia?”.
Caso ele responda que sim, essa vantagem também vai para a lista.
Entretanto, deve-se lembrar que essa construção deve ser em conjunto.
Você enquanto terapeuta vai contribuir dando sugestões se isso for necessário, mas não direcionando o que você considera importante.
As vantagens devem ser algo que faça sentido para o paciente, caso contrário comprometerá a efetividade da ferramenta.
Ao finalizar todas as vantagens, vocês refarão a lista ordenando da seguinte forma:
Da mais importante (nota 10), importante (nota 5) para a menos importante (nota 1).
Certamente, essa lista se tornará uma referência para manter a motivação frente os contatos sociais.
Portanto, toda vez que ele receber um convite de algum amigo, pensar em ligar para alguém ou receber um telefonema ou mensagem e sentir-se desanimado, ele recorrerá a essa lista para relembrar o quão é importante fazer o movimento oposto ao desânimo que está sentindo.
2. Energia Para a Atividade
Uma vez trabalhada as vantagens de ter um comportamento funcional, abrimos para o 2º passo: adequar a energia a atividade.
Com certeza, uma coisa muito comum no paciente depressivo é que ele continua exigindo de si ter o mesmo desempenho que antes do adoecimento.
Sendo assim, é importante trabalharmos com ele que não dá pra percorrer 200 km com 1 litro de gasolina no tanque do carro, então temos que pensar estrategicamente no que fazer.
No caso dessa analogia, seria ele conseguir com essa quantidade de combustível chegar a um posto de gasolina mais perto para abastecer e assim seguir mais um pouquinho até o próximo posto…
Dessa forma, vamos fatiar a atividade em METAS MENORES, adequando a quantidade de energia que ele possui.
Paciente Com Quadro Depressivo: Dividindo A Atividade Em Metas Menores
Uma boa maneira de fazer isso é perguntar pra ele:
“Quanto de energia de 0 a 10 você acredita que precisa ter pra fazer essa atividade?”
“E quanto de energia você possui no momento?”
Nesse caso, vamos supor que ele te respondeu que, por exemplo:
Uma das maneiras de manter o contato social seria ir a uma festa com os amigos.
Digamos que para isso ele precisaria de energia 8 e que nesse momento está com energia 2.
Bem… então vamos analisar com ele as opções:
- Essa é a única forma de manter o contato com os amigos?
Geralmente a resposta é não, pois não precisa estar com todo mundo ao mesmo tempo e ainda mais numa festa para poder se aproximar deles.
- Como podemos pensar em algo que se aproxime a um gasto menor de energia, mas que ainda esteja ligado a manter o contato com seus amigos?
Bom, uma ideia seria mandar mensagem ou ligar para 1 ou 2 amigos e marcar algo em casa mesmo.
- A ideia acima exigiria quanto de energia sua nesse momento?
Se a energia necessária se aproximar de 2 que foi o que ele havia respondido anteriormente, está adequada ao que pode ser feito nesse momento.
Assim sendo, o próximo passo com ele será programar a atividade:
- Quem serão esses amigos?
- Que dia enviará a mensagem?
- Que dia poderão se encontrar?
- O que farão para terem um momento bacana entre eles?
Sem dúvidas, ter essa clareza do que será feito é importante para aumentar as chances do paciente colocar realmente em prática o que vocês elaboraram juntos no consultório.
Além disso, será importante alinhar com ele que pode ser que a atividade não resolverá diretamente o que gostaria ou atingirá o ideal que deseja.
Contudo, é um passo em direção a algo maior!
Como chegar a qualquer lugar…
Só conseguimos percorrer 100 metros com passos menores, mas a soma deles, torna possível chegarmos ao destino que desejamos.
Como aquele ditado: Devagar e sempre.
O que importa é seguir, mesmo que seja de pouquinho em pouquinho.
Portanto, auxilie seu paciente a manter o foco nas vantagens que tem em se permitir comportamentos mais funcionais.
Afinal de contas, para se vencer a depressão, precisamos percorrer o caminho oposto do que ela orienta:
Devemos manter o contato social, atividades de prazer e a produtividade dentro do que é possível, bem como outros movimentos.
Dessa forma, o tratamento de um paciente com quadro depressivo se torna muito mais eficaz.
Pois trabalhar com terapia é trabalhar com bem estar e contribuir para que as pessoas tenham uma vida mais plena e produtiva.
No mais, espero que esse texto contribua para uma intervenção mais eficaz em seus atendimentos e desejo todo sucesso pra você!
Me conte aqui nos comentários caso você tenha gostado e irá implementar essas estratégias no seu consultório.
E me diga também se tem algum outro assunto específico dentro da Terapia Cognitivo Comportamental que você queira saber mais.
Leio e respondo a todos os comentários.
Até o próximo texto!
EBOOK GRATUITO PARA PSICÓLOGAS(OS): COMO LIDAR COM A DEPRESSÃO DE MANEIRA SIMPLES NA TCC!
Aprofunde Seu Conhecimento Sobre Depressão Na Perspectiva Da TCC!
[…] primeiro texto falamos a respeito de Como Motivar o Paciente Depressivo e trouxe ferramentas relevantes que podem te ajudar nesse […]
[…] No primeiro texto falamos a respeito da motivação e no segundo a relação com a […]
[…] 1. Desafios da Depressão #1: Como Motivar o Paciente Depressivo […]
[…] Como Motivar o Paciente Depressivo; […]
[…] ➡️Desafios da Depressão #1: Como Motivar o Paciente […]